Idealizado em cima do conceito de bosque vertical urbano, nasce o Z800, empreendimento residencial da construtora gaúcha AMX Property, que leva a assinatura da arquiteta Duda Kopper, acreditada, desde 2008, com o Leed Green Associate – reconhecimento que busca incentivar e acelerar a adoção de práticas de construção sustentável.
Localizado na rua Tito Lívio Zambecari, 800, no bairro Mont´Serrat, em Porto Alegre, o prédio contará com características genuínas da cartilha dos edifícios verdes, ideologia que rege o Green Building, e que significa pensar em um projeto mais amigável à comunidade, em todas suas etapas.
E um dos primeiros quesitos dentro dessa filosofia que irá basear a construção do Z800 e que será adotado na fase de construção do empreendimento, é não utilizar escavação que danifique o subsolo natural do terreno, fazendo uso somente da fundação, com a obra partindo do nível da rua. A iniciativa, que tem ligação direta com a preservação do microclima, do ambiente e da permeabilidade da área, busca preservar as características do espaço, além de diminuir o impacto na vizinhança. Tanto com relação a algum dano estrutural que a escavação possa vir a causar no entorno, como no barulho para quem mora ao redor.
Entre outras características dos empreendimentos pensados de acordo com a cartilha dos prédios verdes e que também será contemplada no Z800 está a priorização do bem-estar de quem vai residir no edifício.
Neste sentido, serão preconizados iluminação natural e ventilação também natural e cruzada dos ambientes, não existindo, por exemplo, banheiros enclausurados, pois todos terão janela para rua.
Duda ressaltou também a introdução neste projeto da técnica chamada design biofílico, que vem para conseguir reconectar os seres humanos em espaços menores, mesmo no meio urbano, a elementos da natureza.
Neste sentido, o Z800 terá a madeira como um dos materiais muito utilizados na fachada e internamente, fora outros detalhes que trazem o aspecto da madeira, sem ser natural, porém com baixa necessidade de manutenção para o futuro da edificação. Além dos revestimentos internos, que remetem a pedras naturais, e o verde, que se fará presente nas paredes e telhado do prédio, bem como em floreiras.
“Tudo que trouxemos para o projeto do Z800 tem a ver com o uso do design biofílico. É o resgate a essa ligação com recursos e processos próprios da natureza, interferindo diretamente na saúde, bem-estar e produtividade do ocupante. E ainda do que se chama de ritmo circadiano humano, ou seja, o que o relógio biológico das pessoas vive em um dia”, explica ela.
Duda é enfática ao dizer que quando um edifício é implantado na cidade, existe uma responsabilidade muito grande, pois esta obra é deixada para o mundo. “Nós morreremos e o prédio continuará ali, tendo as futuras gerações que lidar com o empreendimento construído. Então, quanto mais projetarmos pensando no futuro, menos peso deixaremos para essas gerações que virão, em relação ao ambiente construído”, afirma.
O empreendimento vai dispor de 130m2 de telhado verde, totalmente revestido por plantas naturais nativas bem adaptadas, e que servirá também como um reservatório d’água, garantindo, desta forma, a hidratação dessa vegetação em períodos de estiagem, por exemplo. Já se a duração da seca se prolongar, e havendo previamente um consumo total desses reservatórios, existe um sistema de irrigação, completamente computadorizado. Porém, só entrará em ação nesses casos extremos.
Conforme ressalta Duda, o ideal é privilegiar espécies nativas adaptadas ao clima do RS para composição dos telhados verdes. Assim, serão usados muito o boldo e outras ervas medicinais, inclusive por possuírem baixo porte e vegetação perene, não exigindo manutenção alguma, além de ainda perfumarem o ar. Já nos pilares, a samambaia será protagonista, pois é uma planta que se adapta muito bem em qualquer tipo de ambiente. Ainda vale destacar que o tapume da obra vem chamando a atenção de quem transita pelo local. É todo revestido com vegetação, que, além de esteticamente agradável, visa à sustentabilidade, com a reutilização das plantas na jardinagem do condomínio, a ser entregue no final do próximo ano.
Confere mais sobre os conceitos sustentáveis conforme a arquiteta Duda Kopper:
1 – Como qualificar um projeto para que se encaixe na “arquitetura sustentável”?
Com conceitos alinhados de respeito ao meio ambiente e entorno:
– Evitar escavações profundas que desequilibram o subsolo natural. Assim, teremos a qualificação do ar na edificação e imediações, garantindo ventilação natural e agregando vegetação ao entorno imediato.
– Priorizar iluminação natural com o uso de grandes janelas, o que possibilita economizar recursos naturais.
– Utilizar materiais de longa duração e baixa manutenção, que propiciam redução no consumo de energia elétrica.
– Diminuição do efeito “ilha de calor no meio urbano”, optando pela adoção de telhados verdes, ou seja, revestidos com vegetação, ou o uso de cores claras para sua cobertura.
– Respeito aos limites da infraestrutura urbana disponível. A iniciativa garante uma taxa de permeabilidade natural ao terreno, adotando, por exemplo, tanques de contenção de água pluvial).
– Elaboração de um projeto consciente da longevidade do prédio construído e do papel de sua presença no meio urbano e na vida das pessoas.
2 – Quais benefícios na relação direta à rotina do usuário ao alinhar-se arquitetura e sustentabilidade?
– Respeito ao equilíbrio do ritmo circadiano;
– Melhora na qualidade de sono, saúde e bem-estar das pessoas;
– Menor propensão a desenvolver doenças respiratórias e depressão;
– Maior produtividade e performance cognitiva;
– Incentivo para hábitos mais saudáveis.
3 – E o ritmo circadiano humano, o que é e onde entra na arquitetura sustentável?
É o que o relógio biológico das pessoas vive em um dia. Está ligado à questão de que quando os indivíduos habitam um ambiente que os proporciona conexão com a natureza, como iluminação natural, o seu relógio biológico funciona de acordo com os horários do dia. Ou seja, propicia um sono de maior qualidade quando a luz natural cessa, possibilitando também um dia mais produtivo, quando a luz natural ingressa no céu.
4 – Como explicar o design biofílico e como a técnica se insere no projeto do Z800?
Bio= vida e Filia= amor. Design biofílico é um conjunto de técnicas de projeto que buscam reconectar o homem à natureza, através do uso de recursos e ferramentas na arquitetura. Podemos citar como exemplos a utilização de vegetação ao alcance das mãos e do olhar; bem como nos acabamentos a adoção de pedras naturais e madeira e ou materiais que reproduzam o efeito de ambos.
Acho importante destacar que a OMS (Organização Mundial da Saúde), por meio de inúmeros estudos em diversos países do mundo, já tem conhecimento que o ser humano é bem mais produtivo e possui melhor qualidade de saúde, quando habita ou trabalha em ambientes que se sinta conectado com a natureza. Por isso, tudo o que foi projetado para o Z800 tem a ver com o uso do design biofílico, que é o resgate a essa ligação com recursos e processos próprios da natureza
Imagens em perspectiva: Divulgação/AMX Property
Divulgação:
Dixon Comunicação
Andréa Spalding
www.dixoncomunicacao.com
Deixe seu comentário