A arquiteta Júlia Guadix, do escritório Liv’n Arquitetura, contradiz o ditado “casa de ferreiro, espeto de pau” e assina um projeto e execução de um imóvel que mexe com o seu coração: o apartamento de estilo industrial onde vive com seu marido e um integrante que é protagonista de tantas fotos – muitas delas no Instagram: o pequeno e charmoso Bolotinha.
Com 72 m² e localizado no bairro da Vila Olímpia, capital paulista, o projeto de arquitetura de interiores assinado por ela destaca a essência jovial por meio de um décor contemporâneo e atmosfera industrial mesclados com escolhas que realçam toques de cor e muito aconchego. Além disso, a arquiteta apostou no seu desejo de integração dos ambientes, móveis sob medida e muita funcionalidade para o dia-a-dia.
Concreto aparente, tijolinho à vista e base com tons cinza evidenciam o layout e mobiliário reversível para as próximas fases da vida
Integrar exerceu um significado especial para o casal: com a experiência anterior de viver em um apê com apenas 40m², a ausência de paredes, que propicia fluidez na circulação, contribuiu para alcançar o sonho de um lar mais amplo, com uma cozinha funcional e o prazer de receber família e amigos com comodidade.
Construído pela MaxHaus, a planta por si já oferece maior liberdade para definir o layout e facilidade para conectar os ambientes, pois é entregue sem paredes dividindo os espaços, detalhe esse que simplifica e diminui possíveis demolições.
“Para planejar um imóvel com esse conceito, a prerrogativa é promover uma reflexão de vida. Quanto tempo os moradores pretendem ficar e quais os planos para a família norteiam o nosso trabalho como arquiteta. Eu e meu marido fizemos essas projeções”, relembra Júlia.
Foi assim que eles decidiram por um apartamento com apenas um quarto, porém com a opção de criar o segundo onde está a parede de tijolos. A marcenaria foi milimetricamente planejada para um reaproveitamento de 100% em uma futura alteração e o sofá, por ser modular, pode ser tranquilamente readequado a um possível novo cenário na vida familiar.
“O que vier a acontecer mais para frente transitará em uma reforma simples com o emprego do drywall, toques de marcenaria e pintura”, revela a arquiteta.
Nessa lista, somou-se também a vontade de um lavabo e um banheiro para uso exclusivo do casal. A solução encarada foi a demolição do banheiro que figurava na planta original.
“Com sua retirada, utilizei uma área entre a sala e o quarto”, detalha.
Com um orçamento mais enxuto – uma realidade para muitos jovens casais –, o conselho da arquiteta é encarar uma lista de tópicos que definem o imóvel sonhado para, como próximo passo, estabelecer as prioridades que serão executadas em etapas estipuladas.
“Essa é a forma mais inteligente de se realizar um projeto com verbas mais restritas”, declara.
Cientes da necessidade de escolher um ponto em detrimento de outro, a decisão para o apartamento foi acertada com base em acabamentos e móveis de qualidade.
“Sempre digo que não há sensação mais frustrante que iniciar a vida em um imóvel que, em pouco tempo, serão detectados os resultados de serviços mal executados e com baixa durabilidade. Além do desgosto de providenciar um novo aporte para refazer tudo de novo”, enfatiza a profissional.
Depois de empreender as mudanças, chegou a hora da decoração. Logo na entrada, um item tão fundamental nos dias de hoje: o armário/roupeiro para pendurar casacos, guardar bolsas e um gavetão para os sapatos. A marcenaria avistada dá sequência ao ‘L’ formado para alcançar a sala de estar.
Revelando que não vivem sem as notas musicais, afinal, segundo o filósofo prussiano Friedrich Nietzsche “viver sem música seria um erro”, o pilar estrutural acolheu o piano de Júlia, que foi acompanhado pelas guitarras de seu marido. Na sequência e camuflada, está a discreta porta que leva ao lavabo.
O lavabo apresenta piso e paredes em cinza e, para quebrar a seriedade do ambiente, a opção de Júlia foi eleger a alegria do amarelo para a bancada.
Na sala de estar, a parede de tijolinhos é um dos grandes pontos altos, pois além de conferir um visual rústico, aquece o ambiente repleto de elementos frios, como o teto em concreto. Um único móvel planejado, em ‘L’ (Marcenaria SM) funciona como rack da TV e atende a área musical servindo como um banco. A peça é perfeita para armazenar itens pessoais, sem pesar no visual do ambiente.
Para o piso de todo apartamento, saiu de cena o cimento queimado para dar lugar ao piso vinílico (Tarkett Essence Bálsamo).
“O efeito do piso é belíssimo, mas nossa predileção prevaleceu para o conforto térmico que se estende pelo quarto, sala, cozinha, área de serviço e varanda. Apenas os banheiros são de porcelanato”, detalha Júlia.
Do outro lado, a sala ganhou o cantinho do essencial home office, composto pela mesa, nicho aéreo e uma cadeira super confortável para garantir o bem-estar.
A varanda foi integrada à cozinha e, por isso tornou-se a área perfeita para criar a sala de jantar com clima industrial. A decoração ganhou vida com as cadeiras Bertoia (Tok&Stok), em cobre, pendentes com lâmpada de filamento aparente e o painel em MDF preto.
Para a cozinha, a aposta foi utilizar uma bancada de Silestone branca com granulações, que além de linda é contemporânea. A arquiteta expôs seu apreço pelos eletrodomésticos com pintura em inox. A marcenaria funcional, executada pela SCA Jardim Europa, posicionou forno e micro-ondas em uma altura perfeita para preparar as receitas com conforto e segurança. Facilitando o dia a dia, o cooktop de indução, uma lava louças e uma lava e seca foram embutidas e ajudam a poupar um tempo precioso. Como toque final, as luzes de LED colocadas em cima dos armários superiores dão a iluminação perfeita para cozinhar.
No dormitório, a cabeceira estofada é a queridinha de Júlia e colabora para tornar o ambiente mais aconchegante, fazendo um contraponto ao teto de concreto aparente.
Por fim, e não menos importante, o querer que se tornou realidade: o banheiro do casal. O porcelanato escuro do piso (Portobello, modelo City Fend) é o pano de fundo para o subway tile off White (Eliane Revestimentos), que revestiu as paredes de duas maneiras: de forma completa, na área do box, e na versão meia parede, na parte seca do ambiente.
Fotografia: Guilherme Pucci
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