Hoje em dia, uma das tendências bastante apreciadas pelos moradores é a reunião de estilos no décor de interiores. Nessa quebra de paradigmas, aquilo que se refere ao passado, como as peças antigas e com história, permanece pelo seu valor, pela qualidade e sustentabilidade e por trazer memórias afetivas.
“Muito pelo contrário, o tempo de um móvel não é determinante para ser eliminado. Tanto pelo seu valor autêntico, como pela qualidade que persiste e a sustentabilidade, é importante abandonarmos essa ideia de que o velho precisa ser copiosamente descartado”, afirma Giselle Macedo, arquiteta e sócia da designer de interiores Patricia Covolo no escritório Macedo e Covolo.
“Sem contar que essa leitura do décor pode vir a se tornar o estilo predileto de muitos moradores que gostam de salpicar o passado com o contemporâneo”, analisa.
Foi com esse olhar que as duas entenderam a construção da arquitetura de interiores de uma casa de veraneio localizada em Campos do Jordão (SP). No trabalho completo e feito do zero promovido pela dupla, de definição dos acabamentos, forro, marcenaria, mobiliário e design, com as peças antigas – sejam aquelas que revelam a história dos moradores, ou as adquiridas em garimpos pelo seu design e narrativa –, Giselle e Patricia designaram uma leitura contemporânea à residência.
“Como em todos os projetos, tudo deve emanar um equilíbrio. A mistura entre esses objetos antigos com o atual deve sempre revelar harmonia visual e, por aqui, não foi diferente. Optamos por seguir uma linha mais neutra e clean na marcenaria planejada para salpicar as peças clássicas de uma forma mais solta”, detalha Patricia.
Segundo ela, essa estratégia permite que, tempos à frente, uma renovação possa ser realizada com facilidade.
Como entender o desejo dos moradores?
Segundo a dupla do Macedo e Covolo, o relacionamento estreito com o casal de proprietários foi primordial para o sucesso do projeto. Durante a construção, elas acompanharam de perto a aquisição das peças antigas, de forma que a renovação da casa, ao final, expressasse as características dos moradores.
“No começo foi um pouco difícil compreender o estilo da proprietária, pois à primeira vista tudo o que ela nos mostrava trazia referência claras ao moderno, por meio de linhas retas. Mas ao passarmos dois dias garimpando lojas e marcenarias, descobrimos o seu apreço pelo clássico. Foi uma deliciosa experiência”, relembra Giselle.
Com isso, elas captaram que o mix entre o atual e o passado seria a resposta para que a construção expressasse a identidade dos dois.
O acervo pessoal dos moradores
Assim como Giselle e Patricia encontraram na construção, é muito comum que os proprietários apresentem peças que exalam significado e valor sentimental. Por aqui, elas se depararam com uma família apreciadora da arte, história e da música. Nessas situações, o caminho indicado por elas é o mesmo: equilíbrio e concordância. “
No tocante aos móveis, nossa sensibilidade e percepção no décor de interiores nos faz distribuí-los em uma leitura que traça o diálogo entre tudo o que está disposto no ambiente em questão. Pensando nos objetos pessoais, costumamos deixá-los em ambientes restritos aos moradores, a fim de manter a sua privacidade”, afirma a arquiteta.
Peças com história adquiridas para a construção do décor de interiores
Uma curiosidade interessante é que a maioria do mobiliário e objetos antigos de decoração dessa residência não pertencia aos moradores, mas sim foram compradas em garimpos e antiquários visitados pelos proprietários, em companhia das profissionais, durante o processo de construção.
O escritório do pai da família, por exemplo, ganhou um vitral que foi comprado em um armazém de demolição e pertenceu a uma igreja antiga. Advogado, o desejo expresso por ele foi o de contar com um espaço para trabalhar com pleno conforto e conviver com seus livros, pois a intenção também era de passar alguns dias da semana na residência.
“Assim, o cômodo expõe uma fusão entre o aconchego da madeira e o vintage. O que não foi escolhido ou procurado minuciosamente, foi feito de forma personalizada”, explica Giselle.
Outro exemplo está no hall de entrada da casa, que foi eleito para receber uma bancada de marceneiro que foi ressignificada como aparador onde repousa a bandeja com os copos utilizados em ocasiões especiais.
“Essa foi uma aquisição ímpar que realizamos em uma loja mineira na cidade de Tiradentes”, recorda-se a designer de interiores. Na sala de jantar, um dos ambientes mais repletos de memórias, uma mesa que outrora foi empregada para produzir queijos foi eleita como aparador.
Um lar aconchegante
O décor de interiores executado por Giselle e Patricia também evoca conforto e bem-estar. Conhecida por seu inverno com baixas temperaturas e mais rigoroso do que aquelas registradas na capital paulista, a sala principal da residência destaca o protagonismo da lareira à lenha.
“Como a decoração já possui vários elementos com detalhes rebuscados, investimos pela marcenaria que reveste a lareira com linhas retas para contrastar com os demais itens, assim como a coluna de pedras lisa”, comenta Giselle.
A grande residência também conta com uma área externa. Acompanhando o tom claro da madeira de freijó que encontramos na parte interna, a varanda tem clima romântico e confortável, perfeito para apreciar a bela vista.
Vinhos, arte e história
O projeto de Campos de Jordão conta ainda com uma adega de respeito inspirada nas fazendas coloniais. Inserida no porão da casa, foi criada a partir do piso em ladrilho hidráulico e marcenaria sob medida com nichos horizontais para garrafas e, sob a bancada, colmeias para os vidros e um gradil de serralharia.
Influência contemporânea
Para manter o equilibro entre o moderno e o antigo, cozinha e a lavanderia se destacam como os ambientes mais modernos e diferenciados da casa, com uma combinação entre o preto e branco que se realçam pela marcenaria branca, granito escuro e os eletrodomésticos em inox.
Diversão para os momentos em família
Outro exemplo do equilíbrio entre o moderno e o clássico é visto na composição da sala de TV e da brinquedoteca das crianças. A marcenaria é um dos detalhes mais evidentes e, nos dois cômodos, o amadeirado claro e revestido em branco traçam um paralelo entre presente e passado.
Giselle Macedo e Patricia Covolo
www.macedoecovolo.com.br
@macedoecovolo
Divulgação:
dc33 Comunicação
Beatriz Russo, Glaucia Ferreira, Danilo Costa
@dc33comunicacao
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