Desde março deste ano, com as medidas de distanciamento social, o país registrou um aumento de 50% na procuração por adoção de animais, segundo informações de ONGs e protetores dos animais. Com a ampliação do tempo em casa, as pessoas passaram a procurar por um companheiro de 4 patas e, em função disso, surge também a necessidade de adaptar a casa para oferecer segurança e conforto – tanto para o pet, como também para o dono.
Hoje, Dia Internacional dos Animais, um time de arquitetos, que também são apaixonados por seus bichinhos de estimação, orientam sobre o que deve ser feito: Carina Dal Fabbro, à frente do escritório que leva seu nome, Karina Korn, do Karina Korn Arquitetura, Júlia Guadix, da Liv’n Arquitetura e Renan Altera, da Altera Arquitetura.
Antes de tudo, organização da casa e o bom adestramento são fatores primordiais para uma boa convivência entre o pet e seu dono. Uma das primeiras decisões é eleger o espaço para as necessidades fisiológicas, descanso e lazer.
“Tendo em vista essa rotina definida de acordo com o layout da residência e a rotina do morador, todo trabalho de ensinar fará com que não aconteçam surpresas não esperadas com a questão de higiene e bagunças”, revela o arquiteto Renan Altera.
Mesmo com essas escolhas, sabemos que o pet, seja um cachorro ou um gato, costuma ter livre acesso a todos os ambientes do imóvel. Por isso, a arquiteta Carina Dal Fabbro destaca a importância da facilidade para manutenção do lar.
“Todos os materiais utilizados em casa devem propiciar condições para a lavagem e higienização constante. Alguns materiais, por sua composição delicada, não combinam com essa rotina. Mas sempre digo que a decisão certa não diminui em nada a estética do décor” explica Carina.
Nos lares em que o pet é habitué dos móveis, o mercado também oferece opções que não danificam por conta das unhas dos bichanos. A arquiteta Júlia Guadix detalha que, quando o animal frequenta a cama, deve-se pensar em tecidos que não puxem o fio e não acumulem pelos, além de considerar o uso de um protetor impermeável para o colchão. Pensamento semelhante se faz presente no sofá, que deve ser escolhido com materiais mais resistentes como o suedes e ultrasuedes – produzidos a partir de poliéster e com um toque macio que remete à camurça –, couro, lona e até mesmo tecidos impermeáveis, conhecidos como acquablocks.
“Esses materiais favorecem o processo de limpeza com regularidade. E sempre indico considerar também a impermeabilização do sofá”, diz Júlia.
E para os pets que precisam passar um período sem a presença dos donos em casa? Hoje em dia, a tecnologia é uma aliada nessa convivência, com recurso como banheiros automáticos para cães e brinquedos interativos que liberam petiscos de acordo com a interação.
“Essas opções permitem que eles gastem a energia e não foquem nos elementos da residência. Também gosto de recomendar a instalação de câmeras, permitindo que o morador possa acompanhar a movimentação dos bichinhos mesmo quando não estão em casa”, relata Renan.
Bem-estar e saúde
No tema bem-estar, é preciso verificar se existe perigoso para o seu pet no lar. Questões como o revestimento utilizado para o piso, até a altura do sofá e da cama devem ser analisados.
“Um chão muito liso e escorregadio pode ocasionar doenças osteoarticulares ao cachorro”, alerta Carina.
No tocante ao piso, o porcenalato e o vinílico são as opções imbatíveis em função da forma simplificada para limpar, sem contar que se tratam de materiais resistentes por não absorvem a urina do animal.
“Ambos não deixam nada a dever, já que para a decoração nos oferecem infinitas possibilidades de acabamento. E além de ver o nosso lado sobre a estética e praticidade na casa, nunca podemos deixar de pensar na saúde e no bem-estar deles”, diz Júlia, dona do Bolotinha.
A arquiteta Karina Korn também é adepta da funcionalidade e de resoluções que não causem arrependimentos e gastos desnecessários. “Um piso de madeira é magnífico em uma sala. Mas impensável em uma casa com pets, já que em pouco tempo veremos todas as marcas das unhas de cachorros e gatos. Quem gosta do efeito da madeira, pode partir para um porcelanato que simula de forma muito fidedigna os veios da madeira e que deixa tudo resolvido com água, pano e sabão neutro”, defende.
Mas além dos pontos abordados, Renan Altera compartilha um outro olhar bastante relevante. Segundo ele, é interessante observar se os acabamentos selecionados não evidenciarão os pelos, que invariavelmente, ficam soltos pelo chão da casa.
“Ninguém gosta de olhar para o chão e enxergar os pelos acumulados. E não dá para varrer toda hora”, pondera Renan.
Pensando nas paredes, a preferência é sempre pelas tintas laváveis na área reservada para os pets e, no caso do papel de parede, a prioridade é para as versões vinílicas.
Para um cachorro adulto de grande porte, escadas podem não ser um grande problema. No entanto, quando se trata de cães com idade avançada de pequeno porte, a estrutura pode se tornar muito sério.
“Enquanto os cachorros mais velhos são acometidos por problemas referentes à própria idade, os menores, mesmo jovens, podem desenvolver disfunções nas articulações devido à altura dos obstáculos serem desproporcionais ao tamanho do pet”, reforça Júlia.
Neste caso, a indicação é produzir uma rampa sólida de madeira, revestida de borracha, para que o atrito permita ao animal a locomoção entre os diferentes andares. Também são indicadas rampas para subir e descer de camas e sofás, sem contar que os tapetes colaboram na movimentação mais segura.
“Para gatos, podemos criar prateleiras que os convidam a escalar e explorar a casa”, diz a arquiteta.
Para os pais de gato, a indicação é sempre instalar uma rede de proteção em janelas e varandas, já que eles estão sempre nesses locais da casa. Entretanto, a arquiteta Carina Dal Fabbro lembra que varandas com guarda-corpo vazado e janelas com peitoril baixo também podem ser perigosas para os cachorros. Com olhar atento, ela ainda recomenda cercar piscinas e banheiras externas de hidromassagem, assim como deixar, fora do alcance e em local fechado, produtos de limpeza e medicamentos.
Nas recomendações finais – e não menos preciosas – objetos pequenos e pontiagudos que podem ser ingeridos e fiações expostas podem ser fatais para os bichinhos. No capítulo lixo, a área deve ser mais reservada e estar sempre fechado, afastando a possibilidade do animal, por seu instinto, mexer e engolir algo que faça mal a ele. Para quem cuida de pets e plantas, o conselho é deixá-las distante do acesso, já que algumas espécies causam intoxicações.
“Os bichinhos precisam de amor, atenção, comida adequada, água fresca (e filtrada), uma caminha fofinha, um ambiente seguro e de muito respeito pelas necessidades dele! Cuidar bem de um animalzinho requer tempo e dedicação, mas o amor e bem estar que eles devolvem não tem preço”, compartilha Júlia.
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